Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2009

Natal do idoso...

Meus amigos…

Lentamente está a chegar o dia em que a família se junta e comemora o Natal…
Mas para isso há uma serie de preparativos a fazer…
Eu Como mãe esposa e filha também não fujo á regra…
Então lentamente, me irei fazendo sentir menos presente neste meu mágico mundo.
“o mundo virtual”  Mas não pensem por isso que me irei esquecer de algum de vocês…
“Jamais, never, nunca, ” Apenas não falarei tão assiduamente ou postarei como gostaria de o fazer…
Mas o tempo não cresce e nesses dias torna-se ainda mais curto…
Virei cá calma, não me virem já as costas “Senão choro” ahahahaha
Bem meus amigos hoje decidi vos deixar com uma historia de natal…
Mas não é uma historia qualquer, é uma historia real e contada aliás escrita pelo meu amigo Albino Pinho Emigrante na Suíça Payerne…
Esse amigo que é também o autor do meu prefacio no meu livro “Longe da vista, nunca do coração”
No conteúdo dessa historia irão perceber o porquê de me ter cativado e ter pedido autorização para a publicar…
Amigo Pinho para ti e tua família, desejo  um Santo e Feliz Natal, nessas terras longínquas cobertas de neve e saudade do vosso país, da vossa família, de tudo quanto vós um dia deixas-te para partir…
sabes o quanto te prezo amigo aqui tens mais alguém que te terá no pensamento…

 

 

 

 

O Natal do Teodoro

 

 

Depois de mais uma noite mal dormida.
Teodoro, ainda em pijama,  contempla na linha do horizonte o nascer de mais um dia, neste mês de Dezembro,  enquanto a chuva dita de "molha todos" batia, tocada por fortes rajadas de vento,  na vidraça do Lar de Idosos.

Teodoro era um dos muitos utentes do Lar, as circunstâncias adversas, solidão e males crónicos que padecia, obrigaram-no a deixar a sua casa, que tanto lhe custou e tão pouco gozou.

Recém-casado e para fugir á miséria e á guerra colonial, Teodoro como centenas de milhares de Portugueses na época,  tinha emigrado ao "assalto",  nos anos 60 para França.

Pouco tempo depois mandaria vir a sua Maria, que tinha ficado na aldeia em Portugal.

Em terras Gaulesas, nasceram os seus filhos e foi na construção civil, durante décadas, que Teodoro trabalhou duro, aproveitando todos os trabalhos extras,   para dar sempre uma vida material melhor a si e aos seus.

Enquanto a sua Maria fazia um rodopio,  entre o esmerado trato dos filhos as lides caseiras,  e as horas de "menáge" em várias patroas e em horários de conveniência...
Muitas vezes noite dentro e fins-de-semana, umas com descontos para a securité social e a maioria ao negro.

Foi assim que Teodoro e Maria  realizaram em parte o seu sonho, o sonho da maioria dos emigrantes Portugueses...
Construir a casa na aldeia, dar uma boa formação aos filhos, se possível doutores!!! Para não passarem as mesmas dificuldades, terem estatuto e mais respeitabilidade.

Depois de concluída esta etapa, a seguinte seria fazer o pé-de-meia, para quando chegasse a hora de render a guarda, regressar definitivamente  ao seu torrão natal, com a consciência do dever cumprido.
Desfrutar finalmente da sua casa a tempo inteiro, dos ares da terra,  das festas, dos amigos, em soma da vida, tudo isto sem grandes aflições financeiras, sempre na companhia da sua Maria.
companheira incansável de tantas horas amargas, de sonhos, de projectos,  de tantas nostalgias e algumas alegrias...
De tantas viagens de ida e volta no mês de Agosto á aldeia.

Mas há sempre um mas...
E ao virar a casa dos 60, Teodoro e Maria começam a frequentar mais amiúde os consultórios médicos e as urgências dos hospitais.
As más-línguas dizem que as causas, são de tanto trabalharem, outros dizem, que são simplesmente contingências da própria vida.
Aquela alegria do regresso começa a dar lugar á dúvida, a saúde da Maria vai-se degradando dia após dia.
A do Teodoro, também não é famosa, diabetes, atrozes, problemas na coluna, colesterol elevado etc...
Obrigam Teodoro e Maria a encostar ás "boxes" mais cedo que o previsto.
O conselho do médico, e já com a reforma antecipada ganha, Teodoro e Maria regressam quase definitivamente às suas raízes, tantas vezes sonhada, mas nunca desta forma.

As viagens periódicas a França para uma visita médica obrigatória, especialmente para a Maria, eram aproveitadas para visitar os 3 filhos, bem formados e melhor empregados, que lhe deram 4 netinhos, orgulho dos vovôs babados e que lhe ajudavam a esquecer mais as maleitas de que padeciam.

Entretanto a saúde de Maria vai-se degradando seriamente, Teodoro já quase só se ocupa da sua Maria, deixando todos os restantes trabalhos caseiros, que penívelmente ainda ia fazendo para trás.
A sua Maria tem de viver, pensa Teodoro...
Não seria justo o Criador deixar Teodoro sozinho, a sua Maria merecia  recolher os frutos de tantas canseiras, mereciam viver muitos e bons anos juntos, partilhando mais alegrias que tristezas, mereciam realizar o fim que tinham idealizado.

Mas a natureza é implacável, misteriosa e por vezes cruel e um belo dia Maria partiu para o Além, deixando Teodoro no maior dos sofrimentos. Amparado por amigos e familiares, foi necessários meses para Teodoro se recompor para uma nova vida.
Agora sozinho!!!
Com os filhos longe, a saúde e o gosto de viver cada vez menore, não restou outra alternativa a Teodoro do que ir para o Lar de Idosos da terra. Gare de partida para o Além, (estação de partida para o além) como sempre dizia Teodoro, que nunca tinha previsto este fim.

Mais um Natal se aproxima, este o mais triste de todos para o Teodoro, que banhado em lágrimas, recorda outros Natais, os da sua infância.
As consoadas na modesta casa familiar com os seus pais, irmãos e avôs, que acabaram os seus dias em casa da filha mais velha, rodeados com todas as atenções e carinhos,  não precisaram ir acabar em Lares. Sempre á espera de uma visita fugidia, em datas imprevistas,  e sujeitos a programas e horários de "desenferrujamento" quando o que desejam, muitas vezes, é que os deixem tranquilos.

No chuvoso mês de Dezembro a poucos dias do Natal,  em noites de nítido firmamento, Teodoro percorre longamente todo o espaço celeste ao alcance da sua retina, convencido que a sua Maria algures lá de cima, qual estrela mais cintilante,  está guiando os seus passos, como sua Deusa protectora, seu anjo da guarda, esperando pacientemente o dia do reencontro natural com o seu amado,   para o merecido descanso eterno.

 

 

 

 

albino.pinho@sunrise.ch

 

 

       

 

Obrigado amigo, pela tua partilha, Um beijo em teu coração
pela tua amizade e dedicação...

 
Nada mais me resta dizer...
Aqui fica um momento digno de reflexão...

 

 

sinto-me: Realizada com a partilha
musica: È Natal
publicado por Alzira Macedo às 20:30

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comentarios:
De Sonhosolitario a 19 de Dezembro de 2009 às 04:44
Olá amiguinha Alzira Macedo
Bom dia
Aqui está uma história conjuntamente com muitas outras que por todo mundo se sentem.
Por isso eu sinto o natal.
Triste para mim, primeiro estarei longe de Portugal,
Segundo milhões de pessoas estarão em sofrimento
Não consigo ficar feliz sabendo que há muito sofrimento.
Feliz natal querida amiga
MERRY CHRISTMAS
PARA TI E TODA FAMILIA
Doce beijinho
sonhosolitario

De Alzira Macedo a 19 de Dezembro de 2009 às 12:23
Olá amigo sonhosolitario..

Sei o que é estar longe da familia e do País, compreendo-te perfeitamente...
vivi isso durante 39 anos meu amigo...

Quanto ao haver pessoas a sofrerem na noite de natal pelo mundo fora...
Isso meu amigo é uma realidade, mas infelizmente não somente na noite de Natal como em muitas...
Sabes por vezes não entendo porque as pessoas são tão solidarias na altura de natal, depois de passar esta época esquecem-se do mundo...
È realmente uma inigma para mim...
mas enfim que posso eu fazer...
Amigo estejas tu onde estiveres nesses mares... Na noite de Natal olha para o ceu a primeira estrela que vires, lembra-te que sou eu te desejando uma santa noite de natal...
Sei que não te posso confortar, pois estarás longe dos teus familiares...
Mas dentro dos coraçoes deles tenho a plena certitude...
assim como nos coraçoes dos teus amigos...
No meu estarás de certeza absoluta...
beijos doces para ti e coragem sim...
Um dia hades voltar ao teu torrão tão amado...
De rodrigues a 19 de Dezembro de 2009 às 11:43
olá amiga ao ler esta historia estou um pouco pensativo pois como emigrante é o sonho de todos nos deitamos um futuro fazemos projectos mas sem sabermos como vai ser a nossa velhice por isso praticamente nos hoje todos nos começamos a pensar chegando a reforma pois estou muito pensativo com esta história sabemos que um dia avara uma separação do nosso amor de uma vida que projectamos um dia mas será como deus quiser só ele sabe e que seja feita a sua vontade beijinho
De Alzira Macedo a 19 de Dezembro de 2009 às 12:00
Olá amigo Rodrigues...

Um saltinho de paris até cá...
Tá a ver como estamos perto, mesmo que geograficamente tenhos mts mas mts quilometros de distancia...
Fico feliz por ter conseguido comentar o meu blogo...
Como vai a Idalina, vem passar o Natal a casa?
E devem ficar por Paris não é assim...
Pois olhe esta historia marcou-me muito precisamente por ser o amigo Pinho a escrever...
Um amigo que estimo e considero e admiro muito a forma dele contar historias...
Depois por ter sido longos anos emigrante e saber o que custa o que doi essa saudade...
E finalmente por ser uma historia que acontece num lar de 3 idade, onde eu tambem trabalho e passo muitas horas da minha vida a conviver com pessoas como o Teodor...
Doi-me na alma não poder auxiliar cada um deles, não poder minimizar o seu sofrimento.
Ainda Ontem faleceu um senhor...
tento disfarçar, mas não imagina o quanto me custa velos partir...
Partir eu sei que tem de acontecer...
O que me custa é velos numa cama de sofrimento nas suas ultimas horas de vida, e sem um familiar de vizita É HORRIVEL ONDE VIVEMOS, NUM MUNDO SEM AMOR...
E quem sabe secalhar ele teria vivido uma vida de trabalho para deixar para os seus...
E morreu sozinho, com as ajudantes de lar...
Por isso digo é um momento de reflexão para pais e para filhos...

Amigo Rodrigues Um santo e feliz Natal, com muita saude, muita harmonia, muitas felicidades e acima de tudo muito amor e paz...
Ps: Voltei á emissão de radio Alfa Com a Anabela e Rogerio... Mudaram os horarios agora é ás sextas ás 11h de Paris...
beijoca doce desta sempre amiga...
De 100timento a 20 de Dezembro de 2009 às 10:32
Alzira...Obrigado pela partilha e pela lição de vida real que escreves...aos dois um Santo e doce Natal em companhia de todos os seus familiares.

Queria ter poder para travar os males do mundo...
Mas, no fundo, sei quem sou...sei que não posso...

Nada posso...e o Querer nada resolve...
Da Felicidade...sei que existe [para alguns]...

Nada posso...e o que sonho
Perde-se ao raiar do dia...

Mas eu queria...poder travar os males do mundo
E dar a todos
Paz , Amor e Alegria...
Todavia...nada sou e nada posso!
Nada dura, nada é nosso...

Beijinho
De Alzira Macedo a 8 de Janeiro de 2010 às 01:02
Amigo Rui...
Deixei passar muito tempo para te responder...
Não porque assim o quiz, mas sim porque o tempo não permitiu...
Obrigado pelo carinho...
Não precisas agradecer esta Historia... Tanto Pinho que a escreveu, como eu que a divulguei...
Ficamos felizes pela partilha...
Beijos amigo e até sempre

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