Encosto-me á lua nessa vasta imensidão
o grito do silêncio é meu
Lua que me embala nos seus braços
deixo a mascara do dia seguir seu rumo
ao vazio da escuridão
sem sorriso, sem lagrimas, sem olhar
nem mesmo um pensar
ou apenas um...
Acendo a vela da imaginação
Deixando-me levar aos recantos encantados da alma
encontro-me só
depois de um longo caminhar
os passos soam tristes na calçada
arrasto-me pela noite dentro como de uma floresta fosse
o cheiro das flores invisíveis, invade minhas narinas
ergo o olhar, uma estrela me sorri,
com uma luz que mal me guia
tento encontrar outra luz, não consigo...
Perdida na noite tento encontrar-me
em que caminhos me meti, não encontro saída
um autêntico labirinto
O que sou, onde estou, para onde vou
ai noite, noite que fazes errar qualquer caminhante
amo a noite pelo seu sombrio,
Poder ser quem sou, desnudada dos caprichos do mundo
sem fingir, sem etiquetas suspiro
sina ou escolha minha
é a magia da poesia
essa que teima abandonar-me
pelo tempo, que passo sem ela
agarro-me às notas de musica inventadas por mim
um ritmo melodioso, lento como o pensar desta minha noite
termino essa viagem com frio na alma
um arrepio percorre meu corpo
a solidão apresentou-se como minha companheira
impossível fingir um sentimento tão forte e sentido
enquanto não atravessar esse deserto
jamais conseguirei sair da noite
Poema de Alzira Macedo