Sexta-feira, 18 de Abril de 2008

A mulher no seu melhor

Para vós amigas, que neste momento estais a lutar, com a dor, a espera de uma palavra
"o amor"
aqui vos deixo um dueto de uns amigos poetas em que falam da mulher antiga e da moderna...
isso é antes e depois de se terem reencontrado e aprender a valorizarem-se...
um beijo com carinho....

ANTIGA MULHER!

José Geraldo Martinez


Ela vestiu-se tão linda...
Um vestido branco bordado!
Soltou os cabelos nos ombros,
um batom nos lábios pintados.
Não escondeu as pequenas rugas,
comuns na meia idade da mulher...
Nem os cabelos grisalhos,
com uma pintura sequer!
Calçou uma sandália de salto...
Perfumou-se no banheiro!
Sorriu de bem com a vida,
quando se viu no espelho!
Abriu a porta da sua casa
E, um minuto antes de sair,
despediu-se do pequeno mundo
que a via de sonhos florir!
Saiu para vida,
olhando a cidade a passar.
Pessoas, avenidas, viadutos,
jogou do carro, o celular!
A lua era crescente e
a noite com as Três-marias...
Pegou uma estrada sem destino,
nem se importou onde daria!
Abriu da porta, a ventarola,
deixou-se com o vento brincar...
Vinha com cheiro das montanhas,
das encostas de beira-mar!
 Apertou o cinto,
acelerou!
Amou-se pela primeira vez
 e a cidade foi sumindo
 pelo seu retrovisor...
Naquele dia, renascera.
Linda, viu-se!
A antiga mulher?
Morrera
no dia que se descobriu!

 
***
 
 NOVA MULHER!
 
Guida Linhares
 
 
Sorriu...
ao sentir-se redescoberta!
Por tanto tempo deixara
que os sonhos ficassem
atrás de brancas nuvens,
às vezes por inconformismo
com os trâmites da vida,
outras vezes por acreditar
que a seu tempo
tudo viria...mas não veio!
Será que faltou a ousadia,
a coragem de buscar o amor,
ou então a prisão
aos conceitos e preconceitos
a deixaram paralisada
e sem ação efetiva.
O tempo foi passando,
e os cabelos começaram
a receber flocos de neve,
enquanto o relógio marcava,
as horas solitárias,
de noites insones
e dias compridos demais,
debaixo do sol forte,
ou em chuvas de lágrimas
enxugadas rapidamente,
pois todos deveriam pensar,
que era uma feliz mulher.
No fundo ela sabia,
que a sua postura satisfazia,
àqueles a quem se acostumara,
em sua vida pacata e linear.
Mas em si mesma,
eram tantos os vazios,
e a desmedida carência afetiva.
Naquela tarde,
despiu-se por inteira,
olhou-se ao espelho,
conferiu o corpo,
acariciou as rugas,
publicado por Alzira Macedo às 23:17

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