Mais um acordar sem ti…
Na madrugada fria…
Que nem o calor da lareira conseguia me aquecer …
Para que pudesse entrar no sono profundo e temperador da alma e do corpo…
Acordei … Com a tua ausência, o silencio se instalou…
O desejo de te ter, de te pertencer, de me agarrar a ti e sussurrar-te, o quanto preciso de ti.
Foi se resfriando…
Onde estarás tu, por onde andas que não te vejo, que não te sinto…
Porque se instalou este abismo entre nós…
Qual de nós se deixou cair primeiro nas trevas mais profundas da vida, ou do desencontro das nossas almas.
Lá fiquei eu, fitando o teto do meu quarto, que passou a ser o azul do céu…
Onde a onde… Vi uma estrela cintilante, como me quisesse fazer caminhar…
Num pestanejar de olhos, vi a lua caprichosa olhando para mim, meia escondida tentando perceber o que me ia na alma e o porquê de não ser ela o meu aconchego…
E sim tu…
Senti vontade de caminhar pela calçada das ruas vazias…
Como se cada passo fosse em direcção a ti.
Como se cada estrela, me desenhava o destino da minha felicidade, onde minha alma sentiria paz…
Que acordar mais solitário, carregado de silêncio e saudade….
Encontro-te na minha escrita, neste meu livro que ninguém lerá, que ninguém perceberá…·
Confundo me, com as palavras que nunca direi e nos sentimentos que crescem dia a dia.
Incansável, caminho nas curvas que perdi na vida, procurando saber onde errei.
Onde me esqueci de virar, de te seguir…
Não consigo... Esse caminhar está cada vez mais penoso, sinto-me fraquejar, minhas forças desfalecem, obrigando-me ajoelhar no chão frio e duro, bradando os céus e gritar…
PORQUÊ…
Fecho os olhos querendo fugir dessa curva, entrei noutra…
Encontrei-me em frente ao mar, desaguando todas as minhas magoas e desesperos.
Querendo mesmo nele entrar e nele morar…
Uma realidade me chamou!
Olhei para trás e sorri…
Regressei pensativa, se não caminhar por ti…
Por nós…
Então caminharei por mim…
por eles…
Sacudindo energeticamente todos esses sentimentos, que me baralharam a mente, me levantei…
Suspirei bem fundo, ergui costas, enfrentei o meu rosto, olhei-me no espelho e disse bem alto como se me quisesse dar forças a mim própria…
(Menina limpa essas lágrimas e segue teu caminhar, na vida não podemos mudar os outros…
Mas os outros, também não te podem mudar)
A manha já tinha nascido, o dia tinha despertado, saímos de casa meus filhos e eu…
Qual agradável surpresa…
Nevava…
Linda leve, caia a neve sobre nós…
Olhamos uns para os outros maravilhados pela paisagem que se mostrava á nossa frente…
Recordamos o passado onde muitas vezes a neve, nos chegava até aos joelhos…
Felizes saltitando e cantarolado percorremos o caminho até á Igreja da paroquia…
No regresso a neve caia com mais intensidade…
Os farrapos de neve eram maiores, cantei cai neve, neve cai que és tão linda…
E de verdade a neve caía ainda mais, meus filhos gargalharam e comentaram “mama mandas na neve…”
(Diz para que ela não pare…)
Sorrindo, cantando e correndo viemos até casa…
Onde agora me sentei e escrevi este novo amanhecer em minha vida…
Outras manhas virão, seguidas com outros escritos …
Dou asas ao pensamento, á vivencia, á escrita…
Só assim me sinto feliz e realizada…
Nesta sádica busca de te encontrar…
Alzira Macedo